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se você fosse um livro, que livro seria?

Umas semanas atrás reencontrei alguns amigos de faculdade depois de muito tempo e papo vai, papo vem, me perguntaram o que eu estava fazendo hoje em dia. Quando falei que agora trabalho como astróloga logo chegou o momento de alguém comentar “eu sou canceriano e todo mundo fala que isso é horrível, mas eu não acho nada a ver porque eu não sou grudento”, ao que eu respondi “mas você ouviu isso de uma astróloga ou da galera?”. Não foram essas as palavras exatas porque minha memória não é tão boa assim, mas foi algo nesse sentido e essa interação ficou comigo como algo que acredito ser a experiência de muita gente por aí. Nesse texto vou explicar um pouquinho sobre o que é um mapa natal, o que acontece em uma leitura, por que e quando vale a pena fazer uma e mais algumas coisinhas nesse reino.


Alguns dizem que o mapa natal é literalmente como um mapa, indicando os caminhos disponíveis na sua vida e que você escolhe seguir ou não; outros dizem ser como uma bússola que aponta para o seu destino; eu, pessoalmente, gosto de ver o mapa natal como um livro. Sempre li muito e ouso dizer que gosto mais de reler do que ler, isso porque a cada nova vez que pego a mesma história descubro que a única coisa que ela tem de igual são as palavras. Cada vez que releio um livro descubro mais e mais camadas que sempre estiveram ali, mas que eu, enquanto estava muito envolvida emocionalmente com a narrativa, não percebi. Precisei me distanciar e viver um pouco a minha própria vida para entender melhor aquilo que eu achei que já tivesse entendido - e talvez naquele momento eu realmente tivesse entendido tudo o que poderia -, mas depois de viver novas experiências, conhecer novas pessoas e aprender novas coisas, consigo ter uma compreensão que teria sido impossível de ter naquele primeiro momento. Isso é um mapa natal, um constante processo de releitura de si.

Colher.

Você leu essa palavra como o verbo ou como substantivo? Qualquer uma das alternativas pode ser certa porque eu não dei contexto. A astrologia é uma linguagem como qualquer outra e exige contexto para a sua interpretação. Existem sei lá quantas muitas pessoas com sol em câncer e cada um desses sóis vai se comportar de uma maneira diferente por causa de todo o contexto que o envolve, sendo ele tanto do resto do mapa (casa em que está, onde estão os outros planetas, aspectos, etc.) quanto das experiências que a pessoa viveu, onde e como ela cresceu e em qual meio está inserida. Cada mapa é único porque cada pessoa é única, e cabe a quem o interpreta levar tudo isso em consideração. Muito se fala por aí sobre quais signos são bons e quais são ruins e a única coisa que podemos tirar disso são as opiniões pessoais de quem falou. Primeiro que signos são só uma pequena parte do mapa, e segundo que todos eles podem ser maravilhosos ou horríveis, depende da pessoa que os está vestindo.


Imagine que uma pessoa chega na sua casa com um livro escrito em grego na mão e você, como a maioria de nós, não fala grego, mas ela sim. Você pergunta sobre o que ele fala e, como ela não vai ler o livro inteiro traduzindo para você porque ele é imenso e vocês não tem todo esse tempo, ela começa a descrever a essência da história - na visão dela. É preciso ter em mente que cada pessoa que for descrever esse livro vai ter palavras diferentes e até focos diferentes que mais lhe chamaram atenção, mesmo que a história lida tenha sido a mesma, talvez para alguns seja o relacionamento entre personagens que marcou mais, para outros pode ser os acontecimentos, tudo depende das referências de quem está lendo.


Por esse motivo é extremamente importante que em qualquer leitura astrológica sempre esteja claro que tudo o que está sendo dito passa pelo filtro de quem a conduz. Infelizmente é comum vermos histórias de astrólogues que resolveram brincar de ser deus e saíram falando para as pessoas que nunca vão se casar, que só vão conquistar seus objetivos depois de sofrer muito ou outros comentários do tipo. É preciso ter muita responsabilidade ao fazer uma leitura porque esse tipo de fala pode marcar tão profundamente uma pessoa que se torna realidade. Assim, quando for escolher quem você quer que interprete o seu mapa astral, recomendo levar em conta não só o seu nível de conhecimento, mas também se você se identifica com essa pessoa nos níveis que forem importantes para você (o famoso “se o santo bater”). Ao ouvir o que outra pessoa tem a dizer sobre o seu mapa considere quem ela é e de onde ela veio, não leve tudo o que ouvir ao pé da letra - cada posicionamento celeste possui milhares de interpretações e talvez aquela que esteja sendo dita não se aplique à sua realidade - e sinta-se à vontade para questionar e até mesmo discordar do que lhe for dito. Só você pode dizer quem você é.

Tá, mas então afinal de contas por que é que vale a pena fazer uma leitura? Porque ela é uma excelente ferramenta de autoconhecimento. Entender o seu mapa astral é entender o seu funcionamento interno em essência. Normalmente nos consideramos como uma coisa só que se mantém relativamente igual em qualquer situação, mas com a astrologia conseguimos dar nome às diferentes partes que nos compõem, aprendendo que reagimos, sentimos e pensamos de formas diferentes em cada circunstância, o que nos permite visualizar nossos mecanismos internos em ação ao invés de seguir a vida automaticamente. Não digo que é sobre autodescoberta porque em uma boa leitura você não vai ouvir nada que já não saiba sobre si, mas sim sobre autocompreensão, entendendo os motivos por trás das suas ações e pensamentos que talvez antes estivessem no automático.


Você pode fazer uma leitura a qualquer momento, mas é importante que saiba que não é isso que vai mudar a sua vida. A astrologia é uma ajuda, uma ferramenta à sua disposição, mas é você que deve depois continuar o processo de auto-observação, ampliando tudo aquilo que foi dito durante a leitura e entendendo como essas palavras soltas se encaixam na sua realidade, então é bom abrir essa porta quando se sentir bem para lidar com o que encontrar do outro lado. Não é sobre botar a culpa dos seus comportamentos no mapa, e sim sobre se responsabilizar por ser quem você quiser ser. Todas as características podem ser boas ou ruins, dependendo de como você as utiliza. Minha lua em capricórnio, por exemplo, me faz querer controlar minhas emoções, o que, sim, faz com que eu me desespere quando me sinto vulnerável e exposta, mas também me faz ser firme e capaz de superar praticamente qualquer coisa pela simples força de vontade. Saber que preciso de tempo para me sentir confortável com outras pessoas me faz ser extremamente seletiva com os meus afetos e com as situações nas quais vou me colocar para me poupar ansiedades desnecessárias, mas também me faz saber que preciso me forçar de vez em quando a me abrir para o mundo porque tenho uma tendência natural a ficar reclusa e protegida dentro da minha bolha.


Além disso, conforme vamos conhecendo a fundo as características que nos fazem ser nós mesmes, vai ficando óbvio que elas não se aplicam a todes. Ou seja, a forma como lidamos com as outras pessoas em nossas vidas tende a melhorar também pelo simples fato de entendermos que elas funcionam de uma forma diferente da nossa, mesmo que ainda não saibamos que forma é essa. Começamos a ter mais compreensão e mais curiosidade para ouvir e observar, aprendendo como estabelecer essas pontes entre nós e as pessoas que nos cercam. Isso também se aplica às situações e locais de nossas vidas, pois quando nos familiarizamos com nosso estado natural fica muito evidente quando algo nos tira de nosso eixo e nos faz cair em padrões que não queremos para nós, assim como os que nos fazem bem.


É óbvio que você não precisa conhecer o seu mapa astral para ter esse conhecimento de si. Existem milhares de outras formas de fazer esse trabalho de observação e cada uma vai te trazer uma nova perspectiva. Pessoalmente, acredito que toda forma de autoconhecimento é bem-vinda pois com cada novo ângulo que conseguimos nos enxergar é uma nova camada de percepção que se abre. É claro que existem muitos fatores externos que afetam nossas vidas profundamente e não temos controle sobre, mas caso você sinta uma afinidade e tenha interesse pela astrologia ela pode te ajudar e muito a se conhecer cada vez melhor, evidenciando as suas dificuldades e facilidades naturais e te mostrando todas as versões de si que você pode ser.


Costumo dizer que eu, como astróloga, sou a guia turística do seu universo. Ao realizar uma sessão comigo você me convida para visitar o seu mundo e caminhar ao seu lado pelas ruas que você já conhece tão bem que nem enxerga mais, te fazendo olhar para tudo que está ao seu redor com novos olhos. É meu papel despertar a sua atenção e interesse pela sua história e pelos seus costumes, assumindo os cuidados que forem de sua responsabilidade e se orgulhando tanto de morar ali que não poderia querer estar em nenhum outro lugar que não em si mesme.

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